A minha avó clotilde não
esperava do mundo
senão o dia que começava
a nascer. Chegava
à pequena varanda do largo do muro
e olhava os campos lavrados
ou em repouso
de ser o tempo da névoa
poisada nos cômoros. Depois
certificava-se de que havia
um cântaro com água
e fogo na lareira
ou luz suficiente nos pátios
conforme as estações
do ano. Administrava a escassez
com a sabedoria
de quem entende não haver
nada que falte
em havendo os lugares à mesa
e os retratos a sépia
nas cómodas
dos que não estavam presentes
por justa causa.
E quase não tinha lágrimas.
Chorava apenas de saber
que há sempre alguém no mundo
que se perde nos caminhos
e não encontra o caminho de casa.