terça-feira, julho 14, 2009

[Um poema antigo]

Repetir os nomes das árvores:
olaia, bétula, negrilho, alfarrobeira;
a cerejeira do fundo dos muros e os admiráveis
brincos da infância; o carvalho negral
e as folhas ténues trazendo às colinas
os primeiros meses de Abril.
Dizer em voz alta os nomes
dos lugares onde parece
que o mundo se suspendeu
para que pudéssemos regressar
à água e ao lume, à terra
e ao éter e à varanda incandescente
das tardes de Verão: Gardunho
e Segirei, Cacela, Voluntário, Vilarinho
Seco. Roubar à caligrafia
os nomes da manhã acabada de nascer:
nuvem onde poisamos as mãos.