às vezes é preciso aprender o que já sabíamos
primeiro esquecer cada uma das imagens
cada uma das frases definitivas
e depois olhar de novo pela primeira vez
cada palácio cada desvão
cada uma das casas erguidas por
entre a luz e os escombros
as crianças que
tomaram conta dos largos e dos cruzamentos
a sombra que sobe os degraus e
poisa nas varandas
os buracos das estradas
as torres altivas das catedrais
as paredes escalavradas
a música a tristeza a
felicidade imensa de um rosto que
se abre junto ao mar
os planos dos arquitectos que
não desenham para os seus próprios nomes
e deixam às pessoas o que
nas cidades mais lhes pertence:
os passeios as ruas as praças e os jardins